さようなら Tomie Ohtake

Hoje ela se foi ... Adeus Tomie Ohtake.
Quando Renato e eu nos casamos há alguns anos, ganhamos de um casal muito querido esse trabalho dela.

E em sua homenagem reproduzo abaixo, matéria do jornal O Globo de agosto de 2013.
A Vida de Tomie Ohtake em 10 Atos
01
1930
Caçula de seis irmãos (e única filha mulher), Tomie Nakakubo nasce em Quioto, em 1913. Muito próxima da mãe, Kimi, ela insiste e consegue autorização para vir ao Brasil, onde já vivia um de seus irmãos. Tomie só revê a mãe em 1951. Depois de uma tarde de alegres conversas com a filha, a mãe suspira e morre.

02
1936
Após 40 dias de viagem, Tomie, com 23 anos, desembarca em Santos com o irmão que, dias depois, teria de voltar ao Japão para lutar na Guerra do Pacífico. Ela fica em São Paulo com outro irmão e conhece Oshio Ohtake. Casa-se um mês depois de chegar ao país e, mais tarde, tem dois filhos: Ruy e Ricardo Ohtake.
03
1952
A artista só começa a pintar aos 40 anos. Ela segue o conselho do professor e artista Keisuke Sugano de que, já com os filhos crescidos, não deve deixar de fazer o que gosta. Compra tintas e telas e inicia as aulas com Sugano. Suas primeiras obras, sempre sem título, são figurativas, como a tela de 1952 (acima). Dez meses depois das primeiras aulas, Tomie já expõe no Masp e vence salões de arte em São Paulo e em Brasília.
04
1965
Na década de 1960, aproxima-se do abstracionismo, pelo que ficou mais conhecida. É nesta década que sua pintura se aproxima daquela feita por Mark Rothko, com cores contrastantes em retângulos ou quadrados. A forma organizada e precisa como seu pincel caminha sobre a superfície da tela lembra algo da caligrafia nipônica.

05
1973
Na década de 1970, Tomie aumenta o campo de formas e cores que utiliza em sua pintura. Nas telas, surgem as primeiras curvas, e a paleta se amplia, ganhando novos tons, como o rosa, o laranja e o azul.
06
1985
A artista passa a fazer esculturas, e os anos 1980 são marcados pela proliferação de obras públicas de sua autoria. Para o Rio, onde viveu apenas um ano quando recém-casada, Tomie cria “Estrela-do-mar” (uma de suas poucas obras com título), que é instalada em 1985 na Lagoa e retirada em 1990 para manutenção, sem nunca mais retornar.

07
1988
No período em que cria muitas esculturas públicas, inclusive para o jardim de sua própria casa, a artista molda o concreto armado em curvas para uma obra na Avenida 23 de Maio, em São Paulo. O trabalho mantém a leveza e a economia de elementos da produção de Tomie, mas tem grande escala: cada peça da escultura tem 30 metros de comprimento.


08
1995
Ruy Ohtake amplia o ateliê que a artista mantém em casa. O pé-direito é aumentado, e o vidro da claraboia contém a entrada direta do sol, mas deixa penetrar a claridade. Tomie incorpora mais questões de luz em sua pintura.

09
2001
Abertura do Instituto Tomie Ohtake (ITO), em São Paulo. A proposta do espaço é apresentar novas tendências da arte e rever referências dos últimos 50 anos, para coincidir com o período de trabalho de Tomie.

10
2013
Ano do centenário da artista que produz novas telas.
O ITO prepara série de homenagens, com mostras em agosto/2013 (de projetos e desenhos) e em novembro/2013, com curadoria de Paulo Herkenhoff.
